A lenda do Caboclo d’Água do Acre é temida entre pescadores e ribeirinhos da região amazônica.
Diz-se que ele é um ser mítico, metade homem e metade peixe, com pele escura e escamosa, cabelos longos como algas e olhos esverdeados que brilham na penumbra dos rios. Vive nas profundezas das águas escuras, especialmente nas áreas mais calmas e misteriosas dos igarapés e do Rio Acre.
Segundo os mais antigos, o Caboclo d’Água é protetor dos peixes e dos segredos do rio. Ele surge quando percebe que pescadores estão retirando mais do que precisam ou praticando pesca predatória. Nessas ocasiões, aparece à superfície, virando canoas, afundando embarcações e puxando redes para o fundo, deixando os homens apavorados.
Alguns dizem que ele assovia como um pássaro antes de atacar, e quem ouvir esse som deve ir embora imediatamente, sob pena de nunca mais voltar à superfície.
Há relatos de que, em noites de lua cheia, o Caboclo d’Água sobe às margens para observar as pessoas, deixando pegadas úmidas que parecem de um homem, mas com membranas entre os dedos. Alguns acreditam que oferecer fumo ou pinga à beira do rio pode apaziguar sua fúria e garantir boa pescaria.
A moral da lenda é clara: respeitar o rio e só retirar dele o que for necessário, pois o Caboclo d’Água está sempre vigilante.