A lenda da Lua Encantada, muito contada entre comunidades ribeirinhas do Acre, mistura mistério, romance e advertência.
Diz-se que, nas noites de lua cheia, o reflexo prateado que se espalha pelas águas dos rios não é apenas a luz do astro, mas sim a manifestação mágica de um espírito encantado. Segundo os mais velhos, há muito tempo, vivia na beira do rio uma jovem de rara beleza, de pele clara como o luar e cabelos longos que brilhavam como fios de prata. Ela se apaixonou por um jovem pescador, mas seu pai, um poderoso pajé, não aprovava a união, temendo que o rapaz não pudesse protegê-la das forças da floresta.
Para impedir que o romance se consumasse, o pajé lançou um feitiço: na noite em que os dois planejavam fugir, ele invocou os espíritos das águas, que levaram a moça para o fundo do rio. Mas a força do amor dela era tão intensa que sua alma não descansou. Desde então, nas noites de lua cheia, ela sobe à superfície e sua forma se confunde com o próprio luar.
Os pescadores juram que, quando a Lua Encantada aparece sobre o rio, as águas ficam mais calmas, os peixes se aproximam e uma canção suave pode ser ouvida ao longe. Porém, há um perigo: quem se deixa levar pela música e pela beleza do reflexo pode ser atraído para dentro do rio, desaparecendo para sempre, assim como o jovem pescador que tentou segui-la naquela primeira noite.
Por isso, muitos ribeirinhos ensinam às crianças que, na lua cheia, é melhor admirar o brilho do céu de longe e não navegar sozinho, pois nunca se sabe quando o luar é apenas luz… ou quando é o chamado da Lua Encantada.
