A lenda do Homem do Morro é contada em várias cidades do interior do Brasil, especialmente em regiões cercadas por serras e matas densas, como é o caso das cidades do Acre.
Dizem que, há muito tempo, um homem simples, de poucas palavras, vivia sozinho no alto de um morro isolado. Ninguém sabia ao certo seu nome ou de onde tinha vindo. Sua aparência era assustadora: alto, magro, pele marcada pelo sol e pelos anos, barba e cabelos desgrenhados, e um olhar profundo, que parecia atravessar a alma de quem o encarava.
Segundo os mais velhos, ele fora um viajante que, ao perder toda a sua família em um trágico acidente, se afastou da sociedade e passou a viver de caça, pesca e das frutas da mata. Mas com o tempo, algo estranho aconteceu: ele começou a aparecer sempre à noite, vagando pelas trilhas do morro com um lampião na mão.
As histórias dizem que, quando alguém subia a serra depois do pôr do sol, ouvia passos atrás de si, mesmo estando sozinho. O som do lampião rangendo e uma respiração pesada anunciavam sua presença. Alguns afirmam que, se você olhar para trás, verá apenas uma sombra alta segurando a luz, mas com o rosto coberto por um véu de neblina.
O Homem do Morro não atacaria quem estivesse de boa fé, mas perseguiria por quilômetros aqueles que mentissem, roubassem ou fizessem o mal. E se ele chegasse perto o suficiente para tocar a pessoa, esta ficaria perdida na mata por dias, mesmo conhecendo bem o caminho.
Até hoje, moradores das redondezas juram ver a luz do lampião subindo e descendo pelas encostas em noites de lua cheia. E os mais antigos aconselham: “Se estiver no morro à noite e sentir passos atrás de você, não olhe para trás… e não minta, pois ele sempre sabe a verdade.”