A lenda do Espírito do Rio Tarauacá é contada há gerações no Acre, especialmente entre os ribeirinhos e pescadores que vivem próximos às suas margens.
Dizem que, nas noites de lua cheia, quando a neblina se ergue sobre as águas escuras, uma figura etérea surge flutuando sobre o rio. É o Espírito Guardião, um ser de aparência humana, mas com cabelos longos feitos de correnteza e olhos que brilham como reflexos de luar.
Segundo os mais velhos, esse espírito era, em vida, um jovem pescador chamado Aruanã, que se afogou tentando salvar sua amada durante uma grande enchente. Seu corpo nunca foi encontrado, e muitos acreditam que os encantados do rio o transformaram em protetor das águas.
O Espírito do Tarauacá protege os que respeitam o rio, mas pune severamente os que poluem ou matam mais peixes do que precisam para se alimentar. Os infratores, contam, sentem um vento gelado, veem luzes estranhas na água e acabam virando a canoa sozinhos, mesmo em águas calmas.
Há quem jure ter visto a figura de Aruanã na beira do rio, chamando com a mão, para depois mergulhar e desaparecer sem deixar ondas. Outros dizem que, quando o perigo se aproxima, como uma enchente súbita ou uma cobra gigante, o espírito surge para alertar e guiar os moradores para um local seguro.
Por isso, o povo do Tarauacá ainda oferece flores e folhas de cheiro nas águas em noites de lua, para agradecer ao guardião invisível que vigia o curso do rio e protege quem nele vive e navega.
