A lenda da Velha do Capote, muito contada nas comunidades do Acre, é cercada de mistério e medo.
Segundo os antigos, ela é o espírito de uma mulher muito idosa que viveu isolada na mata, afastada de qualquer vila ou aldeia. Sempre coberta por um grande capote preto, com um capuz que escondia o rosto enrugado, ninguém sabia ao certo se ainda era viva ou já fazia parte do mundo dos mortos.
Dizem que ela aparecia nas noites frias ou chuvosas, andando lentamente pelas estradas de terra ou beiras de igarapés, segurando um cajado torto. Quem tentava se aproximar nunca conseguia ver bem seu rosto, uns afirmam que ela tinha apenas um olho no meio da testa; outros, que seu rosto era como uma caveira.
O povo acreditava que a Velha do Capote saía para buscar aqueles que desrespeitavam os mais velhos, maltratavam animais ou poluíam as águas. Ela não falava, apenas encarava suas vítimas, e bastava esse olhar para que a pessoa ficasse doente e, em poucos dias, desaparecesse da aldeia.
Por isso, até hoje, nas noites silenciosas e frias, muitos evitam sair sozinhos. Quem ouve passos lentos e arrastados atrás de si, jura que pode ser a Velha do Capote, à procura de mais uma alma para levar.