Lenda da Sombra da Seringueira

A Lenda da Sombra da Seringueira, muito contada nas regiões amazônicas e no Acre, fala sobre o mistério que ronda certas árvores de seringueira antigas, especialmente aquelas isoladas no meio da mata ou em clareiras solitárias.

Segundo os mais velhos, existia, no final do século XIX, um seringueiro chamado Seu Amâncio, homem trabalhador, mas avarento e desconfiado. Ele possuía um seringal farto e não permitia que ninguém chegasse perto de suas árvores mais produtivas. Quando via algum companheiro de ofício cortando o tronco de uma delas, ficava furioso e jurava que “protegeria” aquele lugar para sempre — até depois da morte.

Um dia, ao seguir por uma picada estreita na mata, Amâncio foi encontrado sem vida, caído aos pés de sua seringueira preferida. Não havia marcas de onça ou cobra, mas seu rosto estava contorcido como quem vira algo de outro mundo. Depois disso, estranhos acontecimentos começaram: seringueiros que passavam por ali à noite viam uma sombra alta, com chapéu de abas largas, parada sob a árvore, imóvel, como se vigiasse o terreno. Alguns juram que a sombra os persegue silenciosamente até que saiam da área.

A crença popular diz que é o espírito de Amâncio, condenado a guardar para sempre sua seringueira. Quem tenta cortar o tronco ou tirar o látex sem permissão sente um calafrio, ouve passos atrás de si e, se insistir, pode acabar perdido na mata por horas, mesmo conhecendo bem o caminho.

Por isso, até hoje, há seringueiros que evitam trabalhar perto dessas árvores em noites de lua cheia, respeitando a Sombra da Seringueira, não por medo da árvore, mas do guardião invisível que vela por ela.

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