A Lenda do Curupira

Na imensidão verde e viva da floresta amazônica acreana, entre os igarapés, seringueiras e sombras densas das árvores centenárias, ecoa uma das lendas mais antigas e respeitadas pelos povos da floresta: a lenda do Curupira.

Diz-se que o Curupira é um ser mítico que protege a mata, os animais e os rios contra caçadores, madeireiros e pescadores que abusam da natureza. No Acre, ele é especialmente temido por seringueiros e extrativistas, que juram ter visto seus rastros invertidos, sim, porque o Curupira tem os pés virados para trás, confundindo quem tenta segui-lo.

Ele é pequeno, de cabelos vermelhos como fogo, e olhos brilhantes como brasas. Quando está furioso com a destruição da floresta, sua presença se faz notar por assovios finos e agudos, que ecoam sem direção certa, deixando os invasores desorientados e perdidos no meio da mata. Muitos contam que já ouviram esses sons no meio da noite ou quando tentavam caçar sem necessidade.

Os povos indígenas do Acre, como os Huni Kuin, contam que o Curupira é uma espécie de “espírito da mata”, que existe desde os tempos imemoriais e que mantém o equilíbrio da floresta. Se ele vê alguém caçando uma fêmea grávida, cortando uma árvore sagrada, ou maltratando os animais, ele age sem piedade.

Muitos afirmam que o Curupira transforma as trilhas, cria ilusões, e até enlouquece os que não respeitam a floresta. Outros dizem que ele pode aparecer como uma criança brincalhona, para atrair os caçadores até lugares perigosos onde nunca mais são vistos.

Mas aqueles que respeitam a mata, que caçam apenas o necessário para se alimentar e vivem em harmonia com a natureza, não têm com o que se preocupar: o Curupira os observa, mas os protege.

Assim, no Acre, o Curupira não é apenas uma lenda: é um símbolo de respeito, um lembrete vivo de que a floresta tem guardiões e que o equilíbrio da vida depende de sabermos ouvir os sons da mata — e entender os avisos do invisível.

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